Podem proibir Airbnb no seu Condomínio? Entenda a Lei
- Rodrigo Fontoura

- 29 de mai.
- 3 min de leitura
Atualizado: 13 de jun.

Proibição de Airbnb em Condomínios
Se você está pensando em colocar seu imóvel para locação de curta temporada no Airbnb, é natural se preocupar com a possibilidade de haver regras que proíbam esse tipo de aluguel no seu condomínio. A boa notícia é que, na maioria dos casos, não há motivo para pânico. Vamos esclarecer sobre a proibição de Airbnb em condomínios e o que a lei diz a respeito.
1. A Lei do Inquilinato e o Airbnb: Como Funciona?
A Lei do Inquilinato (Lei 8.245/91) trata da locação por temporada e não faz distinção entre aluguéis realizados por plataformas digitais como o Airbnb ou aqueles realizados de forma tradicional. A locação por temporada é regulamentada como o aluguel de imóveis para fins específicos, como lazer ou cursos, com prazo de até 90 dias. Assim, essa legislação abrange o Airbnb, mas não detalha as características específicas de locações realizadas através de plataformas digitais.
Isso significa que, se você não tiver uma proibição explícita na convenção do condomínio, você pode sim alugar seu imóvel para curta temporada, inclusive pelo Airbnb.
2. O Papel da Convenção Condominial: O Que Ela Diz?
No entanto, é importante destacar que, se o seu condomínio tiver uma regra clara e específica proibindo o uso do imóvel para locações de curta temporada, essa convenção deve ser respeitada. A boa notícia é que a convenção condominial só pode ser alterada por meio de uma assembleia convocada para esse fim, e é necessário o voto favorável de pelo menos 2/3 dos condôminos para que a proibição seja aprovada.
Em outras palavras, caso o condomínio queira proibir o uso do seu imóvel para locações via plataformas como o Airbnb, a decisão precisa ser aprovada em uma assembleia com esse propósito, e a maioria dos condôminos deve concordar com a mudança. Isso garante que uma minoria não possa decidir sobre esse tema sem o devido respaldo da maioria.
3. Proibição de Airbnb no Condomínio: Casos Práticos e Jurisprudência
Vale a pena observar que, mesmo quando há tentativas de proibir as locações de curta duração, muitos desses casos foram questionados judicialmente. Em diversas situações, tribunais entenderam que a proibição não é válida, especialmente quando a convenção do condomínio não especifica claramente o uso exclusivo residencial dos imóveis.
Por exemplo, em Recife, um juiz permitiu que um proprietário continuasse alugando seu flat via Airbnb, argumentando que o prédio tinha características de "vocação mista", ou seja, ele oferecia serviços típicos de hospedagem, como portaria 24h e lavanderia compartilhada. O juiz enfatizou que, na falta de uma cláusula clara na convenção, a proibição não poderia ser imposta.
Esses casos ilustram que a decisão do condomínio pode ser questionada legalmente, e é importante que os proprietários saibam que existem mecanismos jurídicos para contestar decisões que possam ser vistas como excessivamente restritivas.
4. Como Proceder: Comunicação e Boa Prática com o Síndico
Mesmo que, por lei, você tenha o direito de alugar seu imóvel via Airbnb, é sempre recomendável agir com transparência e respeito às normas do condomínio. Alguns síndicos e administradoras pedem que os proprietários informem com antecedência sobre a locação de curta temporada. Isso pode incluir o cadastro dos hóspedes na portaria, com informações como nome, documento de identidade e datas de estadia. Além disso, é importante garantir que seus hóspedes respeitem as regras de convivência, como o uso das áreas comuns e horários de silêncio. Essa prática não só demonstra respeito pelos outros condôminos, mas também pode ajudar a evitar mal-entendidos ou conflitos.
5. Taxas Adicionais e Termos de Responsabilidade
Alguns condomínios também exigem taxas extras quando há locações de curta duração, para cobrir custos com consumo de áreas comuns, como água e luz, por exemplo. Também pode ser necessário assinar um termo de responsabilidade, garantindo que você, como proprietário, se responsabiliza pelos atos dos seus hóspedes. Essas medidas são comuns e ajudam a garantir que a convivência no condomínio seja harmoniosa, sem que a locação temporária gere problemas para os outros moradores.
6. Conclusão: Sem Medo de Colocar Seu Imóvel no Airbnb
Se você está pensando em alugar seu imóvel no Airbnb, é importante entender que você tem o direito de fazê-lo, a menos que haja uma regra explícita na convenção do condomínio que proíba essa prática. Mesmo nesse caso, a proibição precisa passar por uma assembleia com a aprovação de 2/3 dos condôminos, e, ainda assim, a decisão pode ser questionada judicialmente.
A melhor prática é ser transparente com o síndico e os outros moradores, respeitar as regras internas do prédio e garantir que os hóspedes sigam as normas de convivência. Assim, você pode aproveitar os benefícios da locação de curta temporada, mantendo um bom relacionamento com a comunidade do seu condomínio e evitando possíveis litígios.
Lembre-se: a chave para uma experiência tranquila ao alugar seu imóvel no Airbnb é entender as regras, agir com transparência e respeitar a convivência no condomínio.




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